quinta-feira, 13 de junho de 2013

Coluna de opinião TV UNE


Para entender o que é a UNE – União Nacional dos Estudantes


A UNE é, em especial, duas coisas: uma escola e uma força política.

Coloque 10 mil estudantes universitários, de todos os estados brasileiros, reunidos na mesma cidade, por 4 dias, com condições de comer, dormir, banhar e se locomover, cuja ação diária é participar de uma série de atividades e debates com importantes atores da sociedade, sobre os temas da organização social coletiva. Educação pública, saúde, esporte, destinação das riquezas produzidas pelo país, projeto de país.

Ainda que o caminho esteja sempre por se aprofundar mais, em que outro lugar um jovem do interior, sem dinheiro no banco, sem parentes importantes, vai conversar/ouvir/ser ouvido por senadores, deputados, reitores, professores, pensadores, dirigentes de órgãos públicos, além de seus pares vindos de territórios longitudinais?

A UNE cria uma ágora grega contemporânea. De tão democrática, dá espaço inclusive para a colocação de idéias inoperáveis. Cada um fala o que o que quiser, a seu risco e preço.

Nestas ocasiões de grande concentração de jovens, como no Congresso da UNE, é possível tomar contato com informações fundamentais da organização política, econômica e social do Estado brasileiro, como se estes encontros fossem exatamente a extensão do conhecimento transmitido pelas universidades. Só que todos juntos, e agora.

Todo e qualquer aluno pode publicar sua formulação no Caderno de Teses, seja por uma corrente política, seja assinando sozinho, assim como pode criar uma chapa para concorrer à diretoria. Quem convencer mais gente de que suas idéias são as melhores, ganha a eleição. Da mesma forma que acontece em instâncias maiores, as idéias tendem a se unir em grupos de identificação, que assumem nomes para seu reconhecimento, como partidos ou correntes políticas. Longe de uma doutrinação rala, as divergências constantes entre grupos de pensamento distinto, estimulam cada indivíduo a tirar suas próprias conclusões. E assim, um país forma uma geração de atores sociais que vão se dedicar a pensar e trabalhar a relação do mundo e do desenvolvimento humano com os instrumentos organizados em Estado.

Como força política, a UNE representa todos estes jovens e defende uma pauta unificada de reivindicações, decidida por eles em conjunto, após um longo processo eleitoral. (Cada universidade elege seus delegados, que por sua vez vão ao Congresso votar nas propostas e nas chapas. No mais recente, estiveram representadas 98% das universidades, com 3.764 delegados votantes).

De todas as bandeiras suadas pelos jovens no último período, a mais importante é a destinação da riqueza a ser gerada pela extração do pré-sal em investimentos maciços na Educação. Eu, por exemplo, fui formada em Universidade Federal. Assim como muitos, conheço a importância do acesso irrestrito, gratuito e orientado ao conhecimento.

Não fossem os meninos da UNE insistindo com a Dilma, com o Congresso inteiro, articulando MEC e movimentos sociais, quem iria gastar tamanha energia na criação de soluções jurídicas e políticas para a melhora radical da educação pública brasileira?

A campanha por 10% do PIB, com 50% do fundo social e 100% dos royalties do pré-sal, para a Educação está na boca da Presidenta, do Ministro da Educação, de diversos parlamentares e já na forma de lei, por direito, em estados e municípios como Pernambuco e Recife. Esta é uma vitória real dos estudantes brasileiros. Meninos que defendem não apenas seus interesses corporativos enquanto usuários do sistema público e privado de ensino, mas são de fato uma garotada animada que trabalha pela construção de uma nação brasileira e mundial capaz de oferecer condições para o desabrochar da juventude de todas classes sociais.

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